quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Calvície Coletiva

                                     Calvície Coletiva.
Foi em total desespero que a cidadezinha de poucos habitantes, até ali conhecidos pela fartura de cabelos acordou literalmente calva, totalmente sem cabelos, totalmente carecas, despelados e com a cabelama toda espalhada pela cama.
 Em total espanto, pasmaceira e desespero que cobria a todos de vergonha pública se esconderam como podiam naquela que até ali havia sido uma cidade de grandes feitos capilares.
Os melhores e mais populares empreendimentos da cidade eram; uma barbearia e um salão de beleza, já que nada era mais importante para aquelas pessoas do que os seus cabelos onde quer que existissem em seus corpos.
Volta e meia as mídias visitavam a cidade pela fama e curiosidade do local fazendo entrevistas, medindo cabelos e barbas e tudo o que se relacione a pêlos longos ou curtos.
Ali naqueles confins eram lançados os produtos referentes a cabelos e barbas com o maior sucesso. Nenhum outro lugar consumia tanto cosmético específico da área.
Havia concursos e mais concursos do cabelo mais comprido, a barba mais longa e os fios mais brilhantes e macios ganhavam prêmios. Havia até concurso de pêlos das regiões axilares e das canelas que eram cuidadosamente tratadas com cremes e xampus apropriados... Havia um concurso para medir os mais longos fios que nascem nos dedos dos pés e outros para os das laterais das mãos, esses eram só para os homens...
Assim, voltando a intrigante notícia, a cidade amanheceu literalmente despelada e todos totalmente desprovidos de um fio remanescente se escondiam envergonhados como se estivessem nus em público. 
Apenas um que fosse do "prolongamento filiforme que cresce na pele dos homens e de certos animais", como assim está escrito e definido no meu amigo “Aurélio”, o nosso cabelo ou pelo, ali permaneceu para contar o acontecido.
Uma verdadeira tragédia se abateu dentro das casas agora penumbrosas ao longo dos poucos quilômetros que abrangia o território daquele vilarejo.
Primeiro que ninguém saiu de casa por toda a manhã, onde se espreitavam pelas frestas, e pelas portas e janelas entre abertas. Todos permaneciam cobertos com toucas, chapéus e lenços nas cabeças dentro dos seus lares. 
Ninguém saiu de casa em dia claro até o que o seu Ivaldino, único calvo da cidade, se deu conta que algo acontecera de muito grave, pois já havia andado de um lado para outro e a cidade estava morta, nem uma alma viva perambulava por nenhum lugar.  Ele já havia passado pelo Salão e pela barbearia, pontos de encontro de todos, até mais que a Igreja e a pracinha, e não havia ninguém. 
Daí resolveu bater na porta do barbeiro e perguntar o que houve e se deparou  com o dito com um turbante Indiano amarelo que removeu logo que lhe foi perguntado o que estava acontecendo pelo amigo Ivaldino. 
E lá estava para espanto do amigo, uma reluzente careca desprovida de qualquer pêlo.
Levou um susto e soube dele que havia saído logo ao amanhecer, que a vila inteira acordou totalmente sem cabelos.
Por um momento a felicidade invadiu o coração do seu Ivaldino que sofria “buling” desde a infância por nascer sem um desgraçado fio de cabelo que fosse para pentear pela manhã, e se sentiu vingado de toda a vila, porém como era temente à Deus, como ele apregoava, se benzeu conteve e reformulou seus pensamentos. Ficou bem sério encarando o amigo desesperado enquanto segurava o riso descarado lembrou dos apelidos que ganhou pela vida a fora; "pouca telha", "pista de pouso para passarinho", "aeroporto de mosquito", "bola de sinuca" entre outras, mas preferiu deixar de lado e prometeu investigar o caso.
Voltou para casa e diante do computador abriu todos os contatos que tinha feito em todas as comunidades de calvos que havia pelo mundo para receber a mesma resposta de sempre: 
"Não temos resposta para esse questionamento. Ninguém sabe por que os cabelos caem e nunca mais voltam."
Assim, enviou um e-mail a todos os amigos da cidade se solidarizando com eles por passarem tão desgastante momento que ele conhecia bem, mas lhes tranquilizou que continuaria sua pesquisa.
Em princípio os conterrâneos consideraram que ele estava "tirando onda" com eles, que era um deboche da parte dele se vingando de todas as piadas que fizeram durante a vida toda, mas como nada podiam fazer aceitaram a sua ajuda.
Dias depois, ele recebeu um laudo de um renomado laboratório internacional e o reenviou imediatamente aos conterrâneos, que informava que o poço artesiano que abastecia a Vila e era alimentado pelo lençol freático que passava logo abaixo do nível do solo, foi contaminado por uma grande quantidade de produto depilatório causando assim a depilação coletiva dos moradores ao se banharem e beberem daquela água.
Mais uma vez a cidade se valeu do acontecido para uma reportagem no mínimo intrigante que lhes valeu novamente notoriedade.


Aqui falou a repórter do dia, com os devidos cabelos no lugar e uma garrafinha de água mineral na mochila por medida de precaução... ♥

sábado, 27 de agosto de 2016

Palavras

                                              Palavras; seres vivos.
Palavras são “seres” vivos, mágicos, com asas que saem pelas bocas e ficam flutuando pelo espaço sem fim dando um colorido à vida.
Todo esse lindo cenário que temos à nossa frente não seria tão lindo se não pudéssemos nos expressar em palavras para tentar descrevê-lo.
“É claro que uma imagem vale mais que mil palavras” como definem bem, em palavras, pessoas que podem ver e falar.
As palavras moram em nós, seres criativos por excelência, desde o começo da humanidade. Tão criativos que o inventor da escrita, definindo o que falamos era analfabeto.
Palavras são “seres” vivos e imortais, ou quase, já que existem pelo mundo as chamadas línguas mortas, mas se ainda falam dela é por que permanecem de alguma forma, imortais.
Quando pronunciamos palavras elas ficam vagando pelo espaço infinito para sempre,  já que estamos mergulhados em um mar de palavras silenciadas, ou não audíveis a ouvidos nus, em alguma frequência especial fazendo parte do som da terra.
Imagine o barulho que a terra faz na nossa galáxia e no universo?!
 Sim eu sei que o som não se propaga no espaço cósmico, será? Ou são nossos aparelhos auditivos que não conseguem decodificar ainda os sons do espaço? O que não conhecemos, não existe...
Sim eu hoje acordei com os três neurônios endiabrados e com “a corda toda”. Estão em “altos papos” essas crianças curiosas.

Bom dia, bom final de semana e boa semana que vem... ou o que quiser...

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Com ou sem Alergia, mas com Alegria. ;)

                                    Com ou sem Alergia, mas com Alegria.
Dias atrás eu estava em um ponto de ônibus bem longe de onde moro, quando chegou uma senhora bem arrumada e toda esbaforida me perguntando qual era o ônibus que acabava de passar e eu lhe respondi que aquele iria ser recolhido.
-Ah, ainda bem, logo vem o outro então, pois estou com pressa, preciso ir até o centro e voltar correndo, pois deixei o meu marido em casa sozinho e ele está com alergia. Ele tem alergia a frutos do mar.  Não gosto de sair preocupada, ele deve ter comido alguma coisa que fez mal. Ele é muito alérgico, saiu à mãe dele, minha sogra, que tinha alergia a tudo. Ela já morreu faz tempo, mas eu não sei o que foi dessa vez que deu alergia nele. Está lá todo inchado coitado.
E ainda perguntei; ele foi medicado?
-Sim logo cedo ele foi ao hospital Militar, porque já tinha hora marcada com dentista e aproveitou e fez a consulta, agora é esperar, mas eu fico muito preocupada. Eu faço a nossa comida, até fiz um feijão bem temperadinho, mas não coloquei carnes nem linguiça, essas coisas, já por conta das alergias. Mesmo com visita em casa, minha amiga ficou aqui a semana toda e fiz a comida como faço para nós; bem simples. Da minha comida não foi, ai eu fico só pensando. Ele começa com um ponto vermelho perto da boca daí vai ficando inchado e até parece outra pessoa. Parece um irmão dele que morreu faz dois anos e também era alérgico a tudo. Eles não se parecem em nada, pode botar uma foto do lado da outra que não parecem irmãos, mas quando dá alergia e fica com o rosto inchado é todinho o irmão dele. Pois é... Mas o que será que atacou a alergia de novo? Ontem meu neto fez aniversário, ele está temporariamente lá em casa enquanto os pais mobíliam o apartamento novo, muito bom e lindo por sinal, e a mãe dele encomendou uns salgadinhos e um bolo para ele festejar com uns amigos, só uns dez, para não passar em branco. Mas o meu marido só comeu uns quibes e bolo que ele está acostumado e não faz mal...
Daí enquanto ela tomava um fôlego sugeri que se o quibe foi frito em óleo que havia sido frito salgadinhos de camarão ou bacalhau ele teria comido traços do que dá alergia a ele.
-É mesmo, pode ser não tinha pensado nisso, até fico mais aliviada. É isso mesmo com certeza! Olha senhora, eu não tenho alergia a nada, ainda semana retrasada nós fomos de excursão para Foz de Iguaçu/Paraguai. Nós mesmos organizamos essa excursão já há quinze anos e sempre ficamos hospedados no mesmo hotel, e festejamos um monte, o pessoal do Hotel nos ofereceu uma festa de Fidelidade com champanhe e tudo e ninguém sentiu nada. Essa excursão que fazemos, antes ia só militares, meu marido é militar, agora a maioria que vai é civil, mas é animada do mesmo jeito. Quando eu casei sofri muito porque tivemos que mudar para Brasília e eu tinha a primeira filha só com seis meses, chorava dia e noite de saudades da família, mas depois a gente acostuma, naquela época já, a minha menina apareceu com alergia, depois disso de vez em quando aparece. Já o meu filho e eu não temos nada disso... Olha lá está vindo o nosso ônibus! Obrigada senhora, agora já sei da onde veio a alergia foi do quibe frito no óleo que foi frito camarão. Preciso ir ao centro e voltar correndo, pois não gosto de deixá-lo sozinho assim...
Entramos no ônibus e eu consegui mais um assunto para postar no Blog...
Ainda dizem que as pessoas contam tudo o que se passa em suas vidas no Face book, claro que não! Eu sempre ouço essas maravilhas em todos os lugares. Sou boa ouvinte. O FB é mais uma opção de desabafo com a vantagem de poder postar uma foto para comprovar.
O mais interessante é que os assuntos vão fazendo uma fieira quase de um fôlego só...
Boa semana com ou sem alergia, mas com muita alegria...


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Aniversariando 70 vezes!


                                         Aniversariando 70 vezes!
Olha eu, quem diria, completando mais uma volta ao redor do sol, este sol magnífico que amo tanto. 
70 voltas completas às 17.35h conforme diz meu registro de nascimento, do dia 14 de agosto de 2016!!!
Olho para trás e repassa um filme louco em alta velocidade. Como aqueles filmes antigos do começo do século passado, de quando eu nasci :( . 
Faz tempo em?
As imagens de momentos inesquecíveis passam em disparada sem que eu possa pegar alguma e lembrar de mais detalhes. 
Tem isso, as imagens vão ficando desbotadas, sem cor e nem minúcias.
Me vejo criança, me sinto criança ora entre lágrimas ora entre sorrisos, muita bronca e repreensões de uma família só de adultos já que eu sou a caçula; (palavra tão antiga quanto eu).
Todos davam e ainda se acham no direito de dar palpites na minha vida, o que me causa risos hoje em dia, por perceber que somos amados, ou odiados, pela alma e não pelo corpo que vestimos. Nesse caso amada, sem dúvida.
Para eles a minha aparência não mudou, continuo a criança que cuidavam.
Não me enxergam como uma mulher vivida, com uma bagagem pesada, desbotada e um tanto esfarrapada pela caminhada difícil em alguns momentos. 
Como todo mundo passa, é claro, mas cada um com a sua experiência, e hoje estou falando da minha trajetória. 
Da mulher idosa de acordo com os avisos (“idosos acima de 65 anos”) já começando a cansar de tanto caminhar. 
Aquela que reverenciam pelos cabelos brancos ou ignoram pelo mesmo motivo. 
Aquela que caminha devagar, paga meia, tem fila própria, lugar próprio e no meu caso, ainda vida própria...
É muito bom chegar aonde cheguei e ver que muito do que vivi, valeu a pena e o restante não teve importância nenhuma.
Olhar para os filhos e suas famílias e ver o quanto foi importante tudo o que passei, mesmo errando muito na criação deles, pois também amadureci e aprendi com eles. 
Já pedi desculpas a todos pela ignorância em atos e atitudes que só uma jovem mãe imatura de tudo comete por ignorância. 
Vamos sendo mãe, sendo mães! Este é o grande lance da vida.
As vezes aprendemos o “métier” aos poucos e lentamente, e as vezes mais rápido do que a vista alcança. Em minutos somos capazes de amadurecer dez anos! Mas é da vida. 
Vamos aos “trancos e barrancos” aprendendo e ensinando a viver.
Em princípio, pela quantidade de reencarnações trazemos todos os manuais inseridos em nós. Precisamos apenas aciona-los.
Para tudo temos conhecimento superficial ou profundo. 
Daí porque crianças “sabem tudo” antes que se ensine ou aprendem com rapidez assombrosa. 
Mas na correria da vida, não temos “tempo” para procurar todas as respostas e vamos "chutando" na maioria das vezes, como numa prova de múltipla escolha ... E o pior é que as vezes não da para voltar atrás e refazer, infelizmente...
Daí pulo para a juventude e repasso momentos mais tristes que alegres e continuo...
Entro pela maturidade e aqui estou eu olhando para os lados na encruzilhada da vida e nem sei que caminho tomar, mas dizem que todos levam à Roma, então iremos à Roma!
Um  brinde a todos que como eu não tinham ideia de um dia alcançar tão longa trajetória.

“Se chorei ou se sorri...♫♪ o importante é que emoções eu vivi...”♪♪♫♪♫