domingo, 8 de janeiro de 2017

As velhinhas são todas iguais?



                                                   As velhinhas são todas iguais?
A campainha tocou enquanto o café escorria pelo coador e o leite aquecia na minha caneca dentro do MW.  Lá vou eu atender sem animo nenhum imaginando ser algum aviso do zelador... Deparei-me com a vizinha de porta que passando por mim como um raio foi se sentar perto da sacada para respirar melhor. Era visível seu estado de aflição.                     
Aquela atitude inusitada logo cedo acabou de me acordar e me trouxe para a realidade, me fazendo disparar o coração que já não está mais acostumado a emoções fora da rotina.             
 - O que houve Ismênia?                                                                                                                          Muito ofegante e se abanando com o jornal da igreja ela me contou entre soluços e lágrimas que enxugava com a outra mão, que a cunhada havia sido atropelada logo cedo, quando saia para trabalhar...
- Morreu?- Perguntei já também aflita.-
- Não; mas está toda machucada, toda quebrada...
E continuou chorando, e nessas alturas eu também chorava, pois hoje em dia choro até por barata morta...
- E agora, o que vais fazer minha amiga?
-Vou te passar o ingresso?!!!
 - Hã? Que Ingresso? Quer um café que acabei de fazer? Se acalme, vai dar tudo certo, você vai ver...
É o que todos dizem nestas horas...
Falei achando que a vizinha estava surtando e não sei lidar com destrambelhados. Eu não sei até hoje lidar comigo...
Ela assoou ruidosamente o nariz e me disse que ia até em casa e já voltaria. Levantou e saiu apressada. Demorou só o tempo de eu colocar o café em duas pequenas canecas e voltou me estendendo um Ingresso para um Show que aconteceria naquela noite.
- Para mim? Perguntei incrédula.
-Sim, vai no meu lugar e aproveita, como eu aproveitaria se não tivesse que viajar ainda hoje para o interior.
Tomou o café rapidamente e saiu me deixando no meio da cozinha com cara de apalermada, com o café numa mão e o ingresso na outra achando que ainda estava dormindo.
Deixei o ingresso sobre a mesa sem nem olhar para ele e ler do que se tratava e voltei para a cama. Resolvi que dormir naquela hora era o melhor a fazer...
Quando me acordei de verdade meia hora depois fui até a mesa e vi que era tudo verdade, eu ganhara um ingresso para ir ao Show dos “Indômitos” Gui e Guel, uma dupla que segundo ouvi depois fazia muito “sucesso” pelas “quebradas” do País, mas eu sinceramente nunca tinha ouvido falar, mas são tantas duplas hoje em dia...
Pensei com meu “baby-doll” cor azul piscina; - Por que não, o que eu tenho a perder?-
E lá fui eu providenciar uma roupa para usar à noite. Era sexta feira e por sorte eu já havia marcado com a manicure para arrumar as unhas.
O Taxi sem identificação parou para eu descer bem na porta da casa de Show e logo que coloquei a cabeça para fora da porta do carro fui retirada e conduzida com a ajuda de um enorme cavalheiro vestido de preto da cabeça aos pés que trazia preso à orelha esquerda um fone de ouvido.  Gentilmente ele passou seu enorme braço pelas minhas costas e foi me levando para o interior da casa. Facilmente atravessou aquele mar humano quase sem eu tocar os pés no chão.
Era tanta gente ali aglomerada esperando para entrar numa gritaria infernal que por um breve instante me arrependi de ter vindo, mas só por um instante, pois na verdade estava gostando do inusitado. Um tanto assustada, confesso, mas adorando aquela luxuosa recepção me deixei levar e até já imaginava o que Ismênia estava perdendo por conta do atropelamento da cunhada.
Ah; esses cunhados, sempre aprontando nas horas erradas...
Lá dentro, passando por corredores e portas fechadas o meu “salvador” me introduziu numa das portas que se abriu abruptamente e lá dentro fui sentada numa cadeira diante de um enorme espelho cheio de luzes e várias pessoas tomaram posse de minha pessoa. Arrepiaram meus delicados cabelos alvos e finos, meu rosto foi coberto de cremes e várias cores de pó de maquiagem, meus lábios foram destacados por um batom igual o da Gal Costa e até meus olhinhos inexpressivos foram contornados de uma nuvem de brilho para destacar os cílios que se grudaram nos meus, tornando-os longas “persianas”.
Quando consegui me olhar no espelho, quase cai da cadeira, pois diante de mim estava a própria Dercy Gonçalves em pessoa, em carne e osso. Até uma estola em “lamé” azul me jogaram aos ombros.  O meu medo é que ela “baixasse” de verdade e eu começasse a dizer impropérios pela minha boca vermelha e abusada, que tratei de travar bem travada para não dar vexame. Dali alguém me levou para um camarote em posição de destaque onde pude assistir ao Show na maior comodidade. De vez em quando passava um holofote destacando a minha pessoa, o que me fazia sentir uma “estrela”, seja lá o que isso significasse naquela hora. Também de vez em quando uma bandeja com refrigerante diet. e docinhos diet. (não sei como souberam que eu sou sobrinha da “tiabeth”) passava nas mãos de um garçom que me oferecia os mimos com um discreto olhar de admiração (?!).
Lá pelas tantas quase perto do final, o holofote parou em cima da minha pessoa e anunciaram a presença da mãe dos “intrépidos” e diziam que “emocionada” havia chegado diretamente do Exterior para assistir o Show dos pimpolhos. Foi ai que me dei conta do que aconteceu; avisaram para o pessoal dos bastidores que a mãe dos jovens viria ao show e que deveria ser recebida com todas as honras, só não avisaram ao pessoal do suporte é que velhinhas de cabelo branco não são iguais...  hahahahaha.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Sobre Letras e Afins...

                             Sobre Letras e Afins...
Todos que me conhecem sabem que sou autodidata e que gosto muito de palavras, ditos populares, expressões regionais etc. e se às vezes acerto na gramática é graças ao corretor, apesar de que em outras tenho dúvidas se ele, o corretor, sabe mais do que eu.
Daí que ando sempre na companhia do Seu Portuga, um velho rabugento casado com Dona Gramática, senhora que mais parece um sargento tal a sua autoridade importância, ela se acha muito.
Ele usa uma mochila nas costas cheias de letras e palavras, já dona Gramática leva uma Bolsa cheia de regras e disposições e eles vivem discutindo isso e aquilo. Dois chatos  impertinentes.
Não tenho muita intimidade com eles, mas aprecio seus filhos e filhas, parentes e agregados.
Na verdade quando estou escrevendo vou confiando mais na memória e na intuição, imagine um professor de português lendo uma barbaridade dessas? Cruzes!!!!
Daí o seu Corretor, um cara que se acha muito conhecedor da língua Pátria, se apresenta injuriado, sublinhando de vermelho, mas dá muita bola fora e nem sempre é confiável. Geralmente fica dando uns pitacos sem noção, mas para tirar as dúvidas vou até a prateleira e retiro o bom e velho senhor Dicionário, um venerando servidor, muito meu amigo, cheio de pose e dignidade daqueles que ainda usam meia casaca e gravatinha borboleta e nos olha por trás de grossas lentes, às vezes ainda usa um pencinê (do Francês: Pince-nez; óculos sem hastes) e que infelizmente anda meio esquecido ou ignorado pela maioria que transita nas redes sociais. Aliás, bem esquecido para ser realista querendo ser saudosista.
E por falar nelas, nas redes sociais, aprende-se muito navegando por elas, tanto que já tivemos até uma “mulher-sapiens” entre nós, SQN.
Mas as palavras são seres simpáticos e interessantes se pararmos para observá-las melhor.
Gosto também de ver a capacidade do ser humano de inventar os nomes dos seus rebentos (esta também é uma palavra muito esquisita para um bebê, como chamar aquela coisinha fofa e rosada de “rebento”?...), como alguns nomes que vejo aqui na internet e nem vou repetir para não me deparar com alguém do meu grupo de amigos. Nomes estranhíssimos e constrangedores para carregar e deve ser horrível quando alguém de forma prosaica (?) lhe pergunta: “Qual é a sua graça?” e a criatura responde; “Não senhor, eu não me chamo graça, eu me chamo Guaranésia da Luz Divina”... Ou coisa pior.
Palavras estranhas como “claudicar”, um problema que me foi apresentado há pouco tempo e quer dizer pouca firmeza num dos pés. A palavra realmente claudica nénão?
Outras palavras também me inspiram colocá-las para nomear outras coisas, como o nome de um vegetal, o Ruibarbo, isso não me parece coisa de comer, acho até que se comer faz mal. Eu colocaria esse nome num senhor sisudo chegado a habilidades manuais como a marcenaria, por exemplo. –“Seu Ruibarbo, o senhor poderia consertar esta gaveta?” Acho perfeito.
Outros nomes para pedreiros e marceneiros, profissionais que constroem devem ter nomes interessantes como Anselmo, Policarpo, Deusdedith, Rosalvo e Rosildo, dois irmãos encanadores, por exemplo, Já um advogado chamado Dr. Lindomar não rola...
Acho “pereba” um nome todo cheio de pereba, o tempero Estragão, não pode ser um bom tempero para comida nenhuma, nem com Sálvia junto. Aliais para o meu paladar um prato que leva Sálvia tá perdido, não aprecio este tempero que tem gosto de remédio. Não há o que salve.
A “Frangula”, nome de uma erva digestiva, por exemplo: parece filha da “Galingula”. “Estoicismo”, também penso tem a ver com a restrição de alguns alimentos como toicinho à pururuca. Já “Comiseração” devia qualificar o sentimento de quem faz dieta o ano todo e depois se esbalda nas festas de final de ano. E “sobrancelha”? “Sobran” o que mesmo?
Tem nomes esquisitos mesmo... E o mais difícil é conhecer seus significados nem sempre “ficados” na memória...
E assim “passan los dias”...


terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Entrando em mais um ano...

                                                          Entrando em mais um ano...
Depois de ler e agradecer exaustivamente tantos desejos bons a mim enviados fiquei pensando porque é tão difícil ser assim o ano todo na nossa realidade e não só virtualmente e nos finais de ano?
Sermos bons para todos, desejarmos o melhor para todos, até aqueles que só conhecemos virtualmente?
Sermos condescendentes com os erros alheios, sermos perseverantes em nossos propósitos e atitudes mesmo que não dure uma hora inteira, porque logo ali na esquina nos esquecemos de tudo e tudo volta ao que era antes, mesmo que a música nos diga que “nada é como foi há um segundo”?
Hoje acordei com a ideia utópica de mudar o mundo e me deixei por alguns minutos, talvez 20 ou 30 divagar no meu sonho de consumo e de muitos em tempos de agora, tenho certeza.       O de extirpar para sempre as drogas lícitas e ilícitas do planeta; O sonho de que Deus poderia “contaminar” todas as águas e exterminar o neurônio humano que nos leva ao vício, à dependência de substâncias que nos tiram do equilíbrio racional e que tomou conta da humanidade.
Que essa substância Divina agisse como um antibiótico age eliminando do corpo físico as bactérias. Aí me diriam alguns, como já me disseram um dia que externei esse desejo, que uns iriam matar os outros pela perda do poder, mas não! Não podemos pensar assim, pois Deus continua no comando, Ele apenas nos deu “linha” demais no uso do nosso livre arbítrio e resvalamos barranco abaixo, agora de mãos estendidas pedimos clemência para merecer ajuda e subir de volta para continuar a caminhada.
E no meu sonho essa caminhada seria sem nenhum tipo de vício. O único vício seria querer entender o mundo e estudar para isso.
Mas para atingirmos um estado de coisas melhor, é preciso também que sejam banidos do orbe terrestre para outros planetas, ainda mais inferiores que o nosso, essas criaturas que vivem de se locupletar com a desgraça alheia, são pessoas ignorantes, infelizes e atrasadas espiritualmente e precisam ser retiradas para viverem em situação de civilizações inferiores em muitas dificuldades e sofrimento físico para aprenderem a respeitar o próximo como irmão.
 São pessoas sem coração e sem amor que vivem de retirar dos lares pessoas de bem que apenas  levados pela curiosidade de experimentar o novo se deixaram levar achando que teriam o domínio sobre si mesmos, e assim não foi  e com isso foram jogadas nas ruas da amargura famílias inteiras, vitimas dessa dependência infeliz dos vícios que geram desequilíbrios de toda ordem.
Junto desses também irão os químicos, àqueles que manipulam literalmente as drogas que tanto podem curar as doenças  e aliviar as dores ou levar para o mal, para a dependência, e essa, infelizmente é a opção dessas pessoas também infelizes e que usam a inteligência para criar mais substâncias viciantes e degenerativas, que causam cada vez mais dependência nos usuários. Esses também terão de acertar as contas com o universo.
E assim pouco a pouco essa “nuvem” negra que paira sobre nossas cabeças dominando nossos jovens e um mundo de pessoas com a ajuda dos vícios se dissiparia e o nosso mundinho azul seria higienizado para a Felicidade de todos e voltaríamos todos à evolução consciente.
Sempre que um prejudica a muitos será necessário retirá-lo e salvar os demais, assim como a fruta podre deverá ser retirada do convivo com as outras para que não se percam todas as outras.
Acordei para a realidade com lágrimas nos olhos me perguntando;
“Até quando meu Deus?”
Não custa sonhar e sonhar não custa.